A memória pelo cheiro

Por Luciana Palmieri

Vista do meu prédio na Pompeia – o lugar da minha história

Quando a Fabiana me convidou para escrever um texto para este blog, confessei que já vinha sentindo vontade há um certo tempo. Já havia deixado alguns comentários por aqui, mas nada além. A irmã dela, minha xará Luciana, também me incentivou e a vontade cresceu.  Mas com isso veio a dúvida: escrever sobre o quê? São tantos lugares e tantas histórias! A resposta que ouvi foi: “Escreva vários textos, então!”

Resolvi escrever. A memória do ser humano, no geral, é classificada em visual, afetiva e olfativa. (Sei que existem mais tipos, não vou me alongar nesse assunto, mesmo porque esse é um blog sobre lugares, viagens, impressões, e não sobre ciência, biologia, etc.) Cada lugar que visitei durante toda a minha vida deixou uma história gravada na minha memória.

E a minha memória tem algo de singular, que nem todas as pessoas podem dizer a mesma coisa. Ela é, basicamente, olfativa. É claro, que o emocional e o visual também influenciam. Em cada lugar, um tipo de memória se sobressai. Ou dois se sobrepõem, ou os três se confundem, a ponto de tornar tal lugar inesquecível. Porém, a olfativa é algo que chama a atenção porque mesmo tendo passado vários anos ou estado uma única vez em determinado lugar, basta “puxar a lembrança pela memória” que imediatamente sinto “seu” cheiro.

Dizem que quando não sabemos por onde começar a escrever devemos iniciar por algo que nos é familiar. Portanto, vou começar com um lugar bem próximo: o bairro onde moro, a Pompeia.

Esteja onde eu estiver, é um aroma que nunca sai da minha cabeça. Ou do nariz, como vocês preferirem. Quando viajo ou vou apenas para outro lugar da cidade, sempre na hora de voltar, sem mesmo abrir os olhos, sei dizer se já estou “em casa”.

“Ela” tem cheiro de árvore, asfalto, pão, mãe, pai, escola, amigas… Pense na sua fragrância favorita. Pensou? Para mim, esse é o cheiro da Pompeia. Pode não fazer sentido algum. Mas, para mim é o perfume do meu lugar e da minha história.

*Luciana Palmieri é administradora de empresas e minha amiga de infância

Sobre fabiana novello

jornalista que gosta de lugares e histórias
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5 respostas para A memória pelo cheiro

  1. É interessante essa relação entre memória e olfato. Eu faço essa relação com as estações do ano. Pra mim, cada uma tem seus cheiros.

  2. Luciana Novello disse:

    Também tenho essa memória bastante aguçada! Relaciono diferentes cheiros com diferentes momentos da vida! É fantástico sentir um aroma e lembrar de um fato, um acontecimento ou um lugar! Adorei o texto!

  3. Leda disse:

    Nossa, que texto bonito!!!

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