Meu lugar no mundo

Por Marcelle Ribeiro*

Eu já visitei nem sei quantos países e cidades. Com igrejas centenárias, mesquitas, praias caribenhas, castelos, comidas exóticas. Mas “meu lugar no mundo” é um lugar onde todo mundo anda de chinelo ou sandalinha. Onde os carros não têm vez e a rede me espera, gostosa, depois do almoço.

Assim é Morro de São Paulo pra mim. Essa ilha baiana é sinônimo de felicidade e tranquilidade. Me lembro de ter ido lá pelo menos quatro vezes na vida. Cada uma tem uma história.

Na primeira vez, criança, fiquei hospedada numa praia no continente e fiz um passeio de barco pra Morro (como meus conterrâneos baianos a chamam) de um dia, bate-volta. O tempo estava nublado, feio mesmo.

Na segunda, fui com meu pai, meus irmãos e uma primarada sem fim. Ficamos num hotel chique, na Terceira ou Quarta praia, as mais afastadas do centrinho. Lembro-me dos meus primos fazendo fila para que meus pais os lambuzassem de protetor solar. Um dos meus primos, palhaço, gritou: “Socorro, o monstro do Sundown me pegou”.  Recordo-me de as nossas malas terem sido levadas de carrinho de mão por uns garotos que queriam ganhar uns trocados. Em Morro, o transporte é esse: carrinho de mão, jegue ou trator. Nem bicicleta tem vez nas ruelas de areia.

Na mesma viagem, meu pai e tios foram para uma “balada” numa barraca de praia à noite, e como já éramos adolescentes, nos deixaram no hotel. Mas no meio da noite um de nós acordou. E despertou os outros. Só me lembro de estar com dois primos na porta da boate, perguntando pelos nossos pais, depois de ter andando um bom trecho de areia a pé, no escuro. Nunca vou esquecer a cara de susto do meu pai quando nos viu.

A terceira viagem foi num Reveillon. Eu estava namorando o Guilherme, hoje meu marido, mas ele não foi, ficou no Rio trabalhando na virada, na madruga. Fui com meu pai e irmãos. Nunca vou me esquecer do meu choro ao telefone quando falei com ele na virada. Ou melhor, nas viradas, por causa da diferença de horário do horário de verão. Saudade danada!

Mas esta terceira viagem também teve lembranças boas: o show do Funk como Le Gusta num restaurante à beira-mar no dia do meu aniversário e as andanças minhas e de minha irmã pelas barraquinhas de caipiroska, provando diferentes combinações de vodka com frutas. A pé, de sandalinha na areia, na rua principal da vila. Tem night melhor que essa?

A quarta viagem foi com o maridão, meu pai e irmãos. De dia, o nosso programa era ir para a Segunda Praia, minha favorita: água morna, zero onda, mar azulzinho. Tinha gente até com cadeira dentro do mar. Virei adolescente e fiz uma tatuagem de henna. Manchou o biquini. Fizemos passeio de barco para Boipeba, mas desculpem, prefiro a Segunda Praia (#prontofalei). Depois de almoçar na praia mesmo, ou na vila, o merecido cochilo na rede na varanda da pousada. E quando acordávamos depois da “siesta baiana”, banho…. de mar! Ou uma caminhada para ver o povo saltando de tirolesa do alto da montanha e caindo direto na água da praia.

De noite, o meu “footing” preferido: saia, rasteirinha deixando a areia entrar pelos dedos, vamos pra vila, comprar bijouteiras na feirinha, ver as lojinhas charmosas e comer pizza.

Morro, impossível não te amar.

* Marcelle Ribeiro é jornalista, adora viajar e tem um blog que é maravilhoso:  Viciada em viajar

Sobre fabiana novello

jornalista que gosta de lugares e histórias
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Uma resposta para Meu lugar no mundo

  1. Que delícia de texto. Me deu vontade de voltar a Morro de São Paulo. Estive uma vez, fiquei na Terceira Praia. Que lugar lindo! Que lindo esse seu lugar no mundo, Marcelle!

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